domingo, 3 de julho de 2011

AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO DÁ SEQUÊNCIA À SÉRIE DE DEBATES SOBRE O PNE.

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29-06-2011
Foto: Renato Alves A Valorização do Magistério foi tema de audiência Pública do Senado nesta quarta-feira, 29. Heleno Araújo, secretário de assuntos educacionais da CNTE representou a Confederação durante a reunião. Participaram também, o coordenador-geral de Operacionalização do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), Vander Oliveira Borges; o presidente da Associação Brasileira de Educação, Edgar Flexa Ribeiro e a educadora Guiomar Namo de Melo.
Formação em tempo integral, salário digno, eleição para diretor de escola, foram alguns dos temas discutidos na pauta. O professor Heleno Araújo agradeceu o convite e disse estar preocupado com o novo Plano Nacional de Educação (PNE) que se mostra bastante confuso após apresentação de 2.915 emendas. “O PNE precisa atender às necessidades da educação pública, mas a forma como foi elaborado deixou o Plano confuso e modesto. A prova é o grande número de emendas que ele recebeu. E é importante que ele seja aprovado ainda este ano, pois vale até 2020. Ele tem um tempo para atingir todas as suas metas e este tempo está passando”, ressaltou.
Foto: Renato Alves
Guiomar Namo de Melo, diretora-presidente da Escola Brasileira de Professores, sugeriu formar professores em regime intensivo similar ao da residência médica. “Para a educação chegar a novo patamar de qualidade, será necessário mudar radicalmente a estrutura de formação dos professores do país”. Para ela, a formação precisa ser feita em tempo integral, em unidades de ensino especialmente concebidas para essa finalidade, em regime de dedicação similar ao aplicado aos estudantes de medicina nas residências médicas.
O presidente da Associação Brasileira de Educação, Edgar Flexa Ribeiro, defendeu a formação do trabalho do professor. Ele destacou que o trabalho realizado pelo professor é mais importante do que outras profissões nas quais os trabalhadores são até mais valorizados do que os educadores. “Tão importante quanto valorizar o professor é, primeiramente, valorizar o que o professor faz e mostrar para as pessoas o valor que aquilo tem”, afirmou Edgar, que também enfatizou o descaso do país com a valorização do magistério. “O que não tem valor para o Brasil é a educação. Além do discurso, o Brasil não dá nenhuma pista de que tem intimidade com o assunto”, denunciou.

Leis sem resultados

O secretário de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo Filho, observou que a Constituição determina a elaboração de normas para a valorização do professores. Porém, observou, as leis produzidas com essa intenção até agora não ofereceram resultados: a categoria ainda convive com baixos salários, a ausência de planos de carreira em muitos municípios e a falta de acesso a programas de formação contínua. Nas escolas, além dos problemas de infraestrutura e da carência de recursos pedagógicos haveria ainda a questão cada vez mais presente da violência, que atinge igualmente os professores.

- Não surpreende, portanto, o que mostram os estudos: nada menos que 33% dos professores sofrem da chamada 'síndrome da desistência'. Até cumprem a carga horária, mas não conseguem mais se comprometer com a aprendizagem dos alunos - disse Araújo Filho.

O educador Edgar Flexa Ribeiro buscou na formação histórica e ideológica do Brasil os motivos que explicariam porque o país "trata tão mal seus professores". Segundo ele, vem de nossas raízes portuguesas o desapreço pelo valor da educação e pela liberdade de aprender e de ensinar. Conforme assinalou, Portugal teria sido o último país europeu a adotar o ensino público e obrigatório.

Presidente da Associação Brasileira de Educação (ABE), Edgar Flexa Ribeiro também contraditou a visão habitual de que, para se desenvolver, o país precisará avançar antes na educação. Ele acredita que a reforma da educação - ao contrário do que aconteceu em muitos países, como a Coréia - poderá ocorrer em função das demandas do próprio crescimento econômico. É que já estariam ocorrendo nesse momento, em que a carência de mão de obra qualificada vem pressionando iniciativas de capacitação profissional.

Participaram dos debates o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que foi um dos seus propositores, e também Ciro Nogueira (PP-PI), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Wellington Dias (PT-PI) e Ângela Portela (PT-RR).
A audiência deu sequência a uma série de debates em que a comissão antecipa a análise do novo Plano Nacional de Educação (PNE). O plano preparado pelo governo, que deverá valer para os próximos dez anos, ainda está em exame na Câmara dos Deputados. (CNTE, com informações adicionais da Agência Senado, 29/06/11)

Fonte: http://www.cnte.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=8048&Itemid=52

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