Negocia Dilma: mais de 10 mil servidores em greve marcham na Esplanada na luta por proposta que solucione impasses no funcionalismo
16/08/2012
Com crise no setor público, governo anuncia pacote de R$133 bi para empresariado
Escrito por: CUT
Na manhã desta quarta-feira (15), cerca de 10 mil servidores públicos
reuniram-se em Brasília para cobrar mais uma vez que o governo federal
abra negociações com os trabalhadores.
A marcha partiu da Catedral Metropolitana por volta das 10h e seguiu pela Esplanada, com paradas pontuais em setores responsáveis por dialogar com o funcionalismo, como o Ministério do Planejamento.
A estimativa é que mais de 25 categorias estejam paralisadas em todo o país, com cerca de 300 mil trabalhadores de braços cruzados.
De acordo com o secretário adjunto de Relações do Trabalho da CUT, Pedro Armengol, o clima era da mobilização e, ao mesmo tempo, de grande expectativa, já que o governo começa a ceder e acenar com o início das negociações.
“O mote da marcha foi simples: negocia Dilma! Porque o governo federal continua com dificuldades de colocar propostas na mesa para que possamos dialogar e criou um ambiente em que acenava por uma resposta aos trabalhadores entre os dias 13 e 17 deste mês. Como isso não ocorreu, a indignação cresceu”, comentou.
Entre as pautas das categorias estão a melhoria de condições de trabalho por meio do aumento de salários e a redução da jornada para 30 horas semanais. O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar o Orçamento 2013, que trará também os reajustes dos funcionários federais para o próximo ano.
Expectativa de resposta
Com uma crise que se alastra no setor público, o governo da presidenta
Dilma Rousseff – que continua sem apresentar proposta para solução de
impasses instalados com servidores em greve em todo o Brasil – anunciou
nesta quarta-feira um novo pacote de incentivos ao empresariado e
determinou a injeção de mais R$133 bilhões em investimentos para a
iniciativa privada. Ontem, o Ministério do Planejamento voltou a
frustrar os servidores e não apresentou nenhuma proposta para as
categorias que permanecem com atividades paralisadas.
O novo pacote de incentivos anunciado nesta quarta é voltado para a
area de infraestruta - rodovias e ferrovias - e ainda prevê concessão a
empresários das malhas viárias em todo país. As frequentes iniciativas
que favorecem o setor privado e a forma como tem tratado os servidores
em greve – com corte de ponto e até decreto para substituir
trabalhadores públicos – fizeram com que a presidenta Dilma recebesse
elogios públicos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Este não é
encarado como um sinal favorável para a presidenta já que FHC conduziu
um governo de caráter neoliberal que, após oito anos conhecidos como
“anos de chumbo”, foi fortemente repudiado nas eleições presidenciais
O governo, que vinha dizendo que daria respostas essa semana para as
reivindicações dos diversos setores em greve, preferiu reagendar quase
todas as reuniões para a próxima semana. A frustração levou servidores
do Incra e MDA e permanecer por mais de 3 horas no Planejamento onde
exigiam uma proposta imediata. Só duas reuniões devem acontecer na
sexta, 17, sendo uma delas a que trata da equalização de tabela
salarial referente a Lei 12.277/10 para pelo menos 18 categorias da base
da Condsef. A outra vai tratar das Agências Reguladoras. Confira aqui calendário de reuniões.
“A nossa expectativa é que esses encontros tragam propostas práticas
para, ao menos, começarmos a negociar”, ressalta Armengol, lembrando que
a categoria e a CUT não aceitarão retaliações como o Decreto n.º 7777,
anunciado em julho pelo governo federal, que prevê a substituição dos
trabalhadores grevistas pelos funcionários públicos de estados e
municípios.
.
Bilhões para empresariado e ainda nenhuma proposta para setor público –Enquanto
em um ano foram injetados cerca de R$300 bi em “incentivos” à
indústria, no mesmo período o governo contingenciou mais de R$105 bi das
areas sociais. Na época de sua campanha presidencial, a presidenta
Dilma chegou a mencionar a importância de se investir no setor público
para garantir atendimento eficaz para a população brasileira. Relembre
um desses discursos clicando neste vídeo.
Mesmo encarando uma greve em mais de 30 categorias – uma das mais
fortes da história do funcionalismo – e um movimento crescente de luta
dos servidores por melhores condições de trabalho e serviços públicos
eficientes, o governo da presidenta Dilma tem mostrado uma inabilidade
para dialogar com os servidores e até agora não apresentou nenhuma
proposta para a maioria dos setores em greve.
Frente ao descaso e as ações de truculência com que o governo Dilma tem
tratado os servidores, mais do que nunca a recomendação da Condsef e do
Comando Nacional de Greve é de manter total pressão para que não se
repita o mesmo filme do ano passado, quando o governo encaminhou apenas
no dia 31 de agosto um projeto de lei ao Congresso Nacional. Com mais de
400 emendas apresentadas, praticamente uma nova negociação teve que
ocorrer dentro do Congresso Nacional. Apenas este ano o projeto fruto da
negociação do ano passado conseguiu ser aprovado mesmo sem atender as
reivindicações urgentes dos setores e depois de infinitos problemas. O
cenário desse ano conta com uma greve geral forte do funcionalismo e que
deve ser o diferencial para assegurar que o governo apresente as
propostas que possam atender ao conjunto da categoria. O que se espera
são propostas imediatas capazes de por fim aos conflitos instalad